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As Dificuldades de Começar uma Psicoterapia

  • Foto do escritor: Karoline Pereira
    Karoline Pereira
  • 2 de jun.
  • 5 min de leitura

psicoterapia

Falar sobre saúde mental tem se tornado cada vez mais comum — e isso é um avanço importante. No entanto, ainda há um longo caminho entre reconhecer que algo não vai bem e buscar ajuda profissional. A psicoterapia, embora seja um recurso fundamental de cuidado emocional, muitas vezes é evitada ou adiada por quem mais precisa dela.

Neste artigo, vamos refletir sobre as principais dificuldades que muitas pessoas enfrentam ao considerar iniciar uma psicoterapia — e por que entender essas barreiras pode ser o primeiro passo para considerar iniciar um processo terapêutico.


O Medo de Olhar Para Dentro

Uma das primeiras barreiras é o medo. O medo de entrar em contato com sentimentos dolorosos, de reviver traumas, de perceber que há feridas ainda abertas. Encarar a própria história pode ser assustador — principalmente quando passamos anos tentando ignorar ou minimizar o que sentimos.

Esse medo também se manifesta em perguntas silenciosas:

“E se eu não souber o que dizer?”

“E se o psicólogo me julgar?”

“E se a terapia não funcionar pra mim?”

Essas dúvidas são normais. E é importante saber: a psicoterapia é um espaço de acolhimento, não de julgamento. O psicólogo está ali para ouvir, apoiar e caminhar junto. Não há roteiro, nem jeito certo de começar. Além disso, parte do papel do terapeuta é facilitar a conversa, promover um ambiente acolhedor para que a pessoa possa falar de forma mais confortável possível.

Quando eu percebo que há dificuldade em iniciar uma conversa, tendo a fazer perguntas para facilitar nossa interação, afinal, eu sei que não é fácil iniciar uma terapia, especialmente, conversar com uma pessoa completamente estranha sobre nossas coisas mais íntimas. E é por isso que evito perguntas muito diretas. Por vezes, perguntas coisas mais simples, como o que você faz, como é o seu dia a dia, dentre outras.


A Vergonha e o Estigma

Ainda vivemos em uma sociedade que, muitas vezes, vê o sofrimento emocional como fraqueza. Frases como “isso é frescura”, “todo mundo passa por isso” ou “basta ter força de vontade” são repetições cruéis que desacreditam a dor real de quem sofre. E muitas vezes, nós nos percebemos repetindo isso para nós mesmos.

Além disso, existe o mito de que “só quem está muito mal” precisa de terapia. Ou o estigma clássico de que “terapia é coisa de louco”. Isso afasta muitas pessoas que estão lidando com angústias internas, crises existenciais, sobrecarga emocional ou mesmo o simples desejo de se conhecer melhor.

A verdade é que não existe uma “dor grande o suficiente” para justificar a busca por terapia. Qualquer desconforto emocional que afete seu bem-estar merece atenção. Você não precisa chegar ao limite para pedir ajuda. Muito embora, eu percebo que a maioria das pessoas que chegam no consultório já tentaram de tudo um pouco até finalmente se permitirem iniciar um processo. É mais comum do que pensamos, mesmo com o aumento de conteúdos sobre saúde mental e na expansão da ideia de que temos que nos cuidar. Hoje, parece haver uma pressão para que as pessoas façam terapia, cuidem de si mesmas, mas tudo isso é jogado como se fosse algo muito simples de se fazer, mas poucos se fala sobre as dificuldades de começar uma psicoterapia.


A Pressão para “Dar Conta Sozinho”

Muitas pessoas cresceram ouvindo que “precisam ser fortes”. E, com isso, aprenderam a engolir o choro, a não demonstrar fraqueza, a seguir em frente mesmo sem forças. Essa mentalidade faz com que pedir ajuda seja visto como um fracasso — quando, na verdade, é um gesto de maturidade emocional.

Venho percebendo que esse é um dos grandes vilões da nossa sociedade. O dar conta! Esse dar conta, nos leva aos nossos limites, muitas vezes, nos faz passar de todos os nossos limites. É quando aparece os sintomas: crises de ansiedade, choro sem razão aparente, exaustão, a procrastinação, o desligamento que fazemos ao perder horas rolando feeds nas redes sociais, o burnout, as explosões emocionais, consumo excessivo (comida, bebida, cigarro, coisas), dentre outros.

O dar conta está disfarçado de produtividade em nossa sociedade. Vem com o peso de sermos capazes de fazer sempre mais, não importa as condições. Quanto menos aguentamos, mais fracos, preguiçosos ou qualquer outra coisa, vamos sentindo. Afinal, nossa vida está imersa em um aparelho onde vemos o quanto todo o resto do mundo está fazendo mais do que nós, não é mesmo?

Portanto, buscar psicoterapia não é desistir ou assinar um atestado de: fracassei, não dou mais conta sozinho. É, na verdade, uma forma de continuar, com mais suporte, consciência e cuidado. Sem romantizações, é uma tentativa de sairmos do modo de sobrevivência que estamos nos sujeitando.


O Desconhecido: Não Saber o Que Esperar

Quem nunca fez terapia pode imaginar o processo como algo distante, frio ou clínico demais. Mas, na prática, a psicoterapia é um espaço seguro, humano, cheio de escuta, empatia e respeito.

Você não precisa saber como funciona para começar. O importante é estar disposto a se abrir, no seu tempo, no seu ritmo. E, se não for com o primeiro profissional, tudo bem. A construção de vínculo é essencial e pode levar um tempo até encontrar alguém com quem você se sinta confortável.

Para mim, isso é o essencial dentro de um processo terapêutico. Nos sentirmos confortável com quem está nos ouvindo. Se o ambiente, a pessoa do outro lado não conseguiu nos fazer sentir confortável o suficiente, talvez seja melhor encontrar outro profissional. E se nos sentimos julgados, repreendidos, não é um espaço seguro, respeitoso ou acolhedor.

A terapia é uma jornada, muitas vezes, dolorosa. Mas é também um ambiente acolhedor, seguro e empático. É um espaço para você poder falar sobre suas dores e sentir que elas são acolhidas e cuidadas, por mais dolorosas que sejam. Não é um espaço para dizer o que é certo ou errado, o que pode ou não pode, pois sentimentos não são coisas que podemos atribuir juízo de valor, mas que são dignos de compreensão e de espaço para poder se manifestar de forma segura. É isso que a terapia tem a nos oferecer, um espaço livre de julgamentos para podermos lidar com qualquer tipo de sentimento que possamos ter.


As Barreiras Práticas: Tempo, Custo e Acesso

Nem sempre é fácil encaixar a terapia na rotina ou no orçamento. Felizmente, hoje existem diversas alternativas:

  • Clínicas-escola de universidades, que oferecem atendimentos gratuitos;

  • Clínicas sociais e populares, apps de saúde mental, que oferecem atendimentos com valores reduzidos;

  • Atendimento online, que facilita o acesso e reduz deslocamentos.

O que ainda estamos aprendendo é que saúde mental é um investimento e não um custo, contudo, eu sei que não é um serviço acessível a todos ou que muitas vezes nos deparamos com profissionais despreparados.

Também sei que a dificuldade de percebermos a terapia como um investimento importante para nós, diz respeito a dificuldade que temos em encarar processos e não só respostas imediatas. Investimento é algo que fazemos para colher frutos a médio e longo prazo, muito embora, as pessoas começam a sentir diferenças logo nas primeiras semanas.


Conclusão: Não é mesmo fácil, mas quando chegar a hora, saberemos.

Procurar psicoterapia não é mesmo fácil, requer alguma dose de coragem. Coragem de se olhar com honestidade, de abrir espaço para o que foi reprimido, de dar nome ao que se sente. É um ato de cuidado, de responsabilidade afetiva consigo mesmo. Mas não é algo simples de fazer, às vezes não estamos prontos ainda.

Se você sente que precisa, mas ainda não conseguiu dar esse passo, saiba: está tudo bem. Você tem o seu tempo. Mas não descarte a possibilidade. Quando estiver pronto, a ajuda estará lá. Discreta, respeitosa, profissional. Pronta para caminhar com você, afinal você não precisa enfrentar tudo sozinho.



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