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Como estão suas Portas?

  • Foto do escritor: Karoline Pereira
    Karoline Pereira
  • 21 de ago. de 2020
  • 3 min de leitura

“A passagem por uma porta consiste sempre em uma mudança, seja de ambiente, seja de nível, de domínio ou de vida”.
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Durante um atendimento, no qual eu escutava a pessoa narrar suas experiência e sentimentos, uma imagem se construiu na minha mente. Eu me vi diante um hall de entrada, no qual havia diversas portas. Em sua grande maioria, as portas apareceriam quase fechadas, mas sua abertura se apresentava na forma de uma fresta. Seu interior: um breu total.


Me lembrei de um artigo que falava sobre portas. Sim, um artigo científico sobre portas. “A porta e suas múltiplas significações”. Num resumo muito simplista, a porta representa abertura e fechamento, mas num movimento dinâmico. Pode representar privacidade ou receptividade, dentro ou fora. Enfim, a porta e suas múltiplas significações como a autora Sylvia Cavalcante nomeou seu belo trabalho.


Me pareceu muito com o trabalho terapêutico. Abertura e fechamento. A porta exerce uma lei de acesso, pode restringir ou não a passagem. Sua função é também de equilíbrio. Deixar entrar ou impedir a entrada para não causar desconforto no ambiente que ela guarda. Dentro do processo terapêutico, consigo compreender o quanto a porta está presente. O quanto ela equilibra ou desequilibra as pessoas. Afinal, o quanto permitimos que as pessoas nos invadam ou o quanto ficamos isolados dentro de nós mesmos (fechamos nossas portas)?


A porta é uma possibilidade de conexão e de privacidade. É a lei de acesso. Só entramos se tivermos permissão, convite. Só se pode entrar se houver a escolha de abertura e só nos resta respeitar quando esta se mantem fechada.


“A porta do outro deve ser respeitada. Diante dela não existe liberdade de escolha entre a abertura e o fechamento. Não se tem o direito de intervir: resta render-se e aceitá-la tal como se apresenta”.

Por isso, ao me deparar com portas eu aguardo. E em todas as relações nos deparamos com a porta do outro.


Desejamos muito encontrar portas abertas, não é mesmo? Cavalcante nos lembra que, apesar de não gostarmos de sermos invadidos, ou seja, alguém atravessar nossas portas sem permissão, nós preferimos que a porta do outro esteja sempre aberta. E por que desejamos tanto a abertura do outro?


“Abrindo-se a porta, pode-se estabelecer conexões entre os espaços, criar perspectivas de interesses diversos, descortinar espaços vizinhos. Através da abertura, o olhar pode buscar outros mundos. Contrariamente, fechando-se a porta, a privacidade é favorecida: o homem pode voltar-se para si mesmo e desenvolver atividades privilegiadas”.

Ou seja, desejamos conexão. Queremos pertencer a algum lugar ou a alguém. Gostamos da nossa privacidade, mas também gostamos de sentir que somos bem vindos em outros lugares. Muitas vezes, não sabemos como cuidar de nossas portas. Deixamos abertas demais ou nos trancamos em nossos mundos, perdemos a noção do que pode ou não ser privado ou compartilhado. E é nesse momento que encontrar um lugar seguro e confortável para olhar para nossas portas (aberturas e fechamentos) pode ser muito benéfico.


Eu percebo que no fazer terapêutico, se minhas portas estão fechadas talvez revelem necessidades de proteção, privacidade ou recolhimento, mas quando as mantenho abertas, eu promovo as possibilidade de conexão com o ambiente do outro. Então, passagens, travessias, poderão acontecer, se assim, o outro abrir sua porta para que eu possa conhecer os mistérios que ali se fazem presentes. É muito importante sabermos quando podemos manter nossas portas abertas e quando é necessário fechá-las também.


Link para o artigo mencionado no texto: https://www.scielo.br/pdf/epsic/v8n2/19044.pdf 

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